domingo, 11 de maio de 2008

CASAMENTO OU MATRIMÔNIO (IV)


Theognoto


Aqui chegamos, pois, a um espaço de reflexão. Que de prático podemos concluir do que atrás foi exposto? A qual ética devemos aderir? Faz-se, como consequência esperada, necessário e imperioso definir o comportamento do casal face às realidades conjugais do dia a dia. Amenizemos o tom doutrinal deste tema apreciando, à guisa de jocosa parábola, uma colocação assaz interessante.

Algures e em tempo ido um virtuoso confessor perguntou a uma jovem casadoira que tipo de relacionamento pretendia ela no trato familiar; se a um, a dois ou a três? Confusa a jovem inquiria-se assustada: Como podem as relações de um casal ser encaradas tão somente a um? E mais perplexa ainda cogitava sobre o que significava, na boca do sacerdote, “uma relação a três”; estaria o padre insinuando um descabido triângulo amoroso?

Com a suavidade adquirida em longa e servidora vida o reverendo, tomando uma batata e três palitos, concretizou a mensagem. Espetando no tubérculo um único espeque tentou em vão apoia-lo sobre ele, de maneira estável. Impossível, sempre caía. Cravou mais um palito na batata e retomou a experiência. Por fugazes momentos o conjunto ensaiava um equilíbrio precário, mas sempre tombava. Por fim, com o auxílio do terceiro cravo e habilidosa manipulação, pode atingir seu objetivo.

Explicando pacientemente disse então. Viste aqui, minha filha, os três tipos de relacionamento a que me referi. Quando um dos parceiros, de maneira prepotente e dominadora, assume o centro das atenções familiares temos a relação a UM. De fato, para ele, sua palavra é lei inconteste e impositiva; jamais terão assim o equilíbrio de vida procurado. Já quando os DOIS tentam um “jogo de cintura” tão só no âmbito social e mundano, concordem embora em quase tudo, não logram situações duradouras; e o perigo dos desencontros e descaminhos acaba conduzindo à falência do contrato social.

Por fim, quando os cônjuges (os dois primeiros “palitos”) assumem a necessidade da ajuda de um “tertius” (o terceiro palito) e o elegem como ponto de apoio, podem alcançar o tão desejado êxito. É a relação a TRÊS.

E qual seria este último? Lembra-te de que o laço sagrado da união entre homem e mulher é o “jugo” divino. Emparelhados sob a mesma “canga” necessitam de um “operador do arado” que saiba estimulá-los adequadamente no esforço conjunto a modo de que resulte efetivo. É, podes agora compreende-lo, Jesus Cristo este “tertius” operante.

Não se fazendo conscientes de tal fato, os esposos cairão fatalmente nos engodos de uma vida sibarita e prazerosa, onde os atrativos sociais de fama, prestigio, poder e sexo facilmente os desviarão do verdadeiro sentido do Matrimônio.


Estas as considerações que julguei oportunas, ora que te preparas para o passo decisivo de tua vida, cara amiga.

Deus esteja contigo, agora e sempre. E que o manto da Mãe e Virgem te envolva em seu amplexo de Amor para que, em tudo, seja o Senhor sempre louvado.



ADMG

CASAMENTO OU MATRIMÔNIO (III)

Theognoto


Adentremos as consequências das definições expostas para que entendamos a profundidade e a largueza (parodiando o Apóstolo das Gentes) deste dom magnífico que é o Matrimônio.

Da realidade de uma vida buscando servir à prole e em comparação com a escolha dos “eunucos da fé” por uma adesão indivisa a Cristo, os nubentes fazem, ao assumir o compromisso matrimonial, uma opção de compartilhamento. Não menos significativa que a do celibato reveste-se ela de uma complementaridade efetiva e fecunda.

De fato, nas relações e “múnus” conjugais percebe-se objetivamente uma divisão de atribuições que, embora não exclusiva, define os encargos dos esposos. Teríamos, assim, o Patrimônio e o Matrimônio. Por Patrimônio (múnus do pai) queremos entender aquela gama de “obrigações” (ou deveres de estado) que competem mais diretamente ao homem tais como o suporte material da família, sua guarda e proteção. E não apenas isto mas, ainda, a figuração ideal de um modelo de virtude a respaldar o esforço doméstico na educação da prole. É como enfatiza o padre Zezinho em conhecida música: “que o homem traga nos ombros a graça de um pai”.

Quanto ao Matrimônio, como bem se pode inferir, é o múnus, por excelência, da mãe; de tão importante chega a qualificar lingüisticamente o próprio sacramento. Com efeito, é o papel da mulher, neste contexto monogâmico, o mais relevante e oneroso; sendo ela a protagonista maior de toda uma saga amorosa e cheia de sacrifícios. Gesta o filho por nove longos meses; dá-lo à luz entre dores e alegrias; vela por seu desenvolvimento físico e por sua educação integral (em especial a religiosa) e detém as rédeas da tranquilidade doméstica.

Por tais aspectos constitui-se no trunfo maior para uma família bem sucedida. Se um homem mal preparado para a vida conjugal pode causar sérios danos a sua família, uma mulher destituída de adequada formação moral e espiritual causará, indiscutivelmente, uma catástrofe. Não foi por acidente que Jesus quis e pode prescindir de um genitor carnal (embora seu pai putativo fosse um modelo de “justiça”), mas não dispensou o seio puríssimo da Virgem. Maria, a Mãe da Divina Graça, aparece no Evangelho personificando a encarnação daquela mulher virtuosa citada no Antigo Testamento como a glória do esposo. Ela que guardava e meditava as coisas do Cristo em seu coração, ensinando aprendia e servindo reinava.

É assim que bem se justifica a santa união entre homem e mulher como um real Matrimônio, para desconforto intelectual de tantos “machistas” que pretendem fazer da figura do homem o centro e o cume de todo relacionamento social.

Não que queiramos, aqui e agora, enfatizar além do realmente válido o papel materno nesta relação do casal. Visto que é um consórcio complementar, requer um esforço de integração de ações todas elas voltadas àquela unidade de uma só carne. E isto só será conseguido na vivência de um puro e límpido amor desconfigurado dos precários valores mundanos e voltado para o Amor de Deus. Não se pode dar azo a uma falaciosa dicotomia (tão a gosto de certos profetas do igualitarismo) homem-mulher; antes seja proposta uma dualidade humana, como do plano divino inicial.

E isto nos levará, a seguir, à abordagem de alguns conceitos comportamentais de suma importância na vida matrimonial.


(segue no módulo IV)

CASAMENTO OU MATRIMÔNIO (II)


Theognoto


Vamos, agora, a um aprofundamento do tema proposto. Para um casal cristão católico, a união de um homem com uma mulher já vai além do meramente material. De fato, no plano divino da Criação, os seres humanos são guindados a uma condição que transcende o simples caráter biológico de nossa animalidade.

Ao criar o ser humano, Deus o fez homem e mulher. E na destinação prevista por Ele, viu que “não era bom que Adão permanecesse sozinho”. Querendo dar-lhe companhia lê-se (no poético relato do Gênesis) que somente a mulher lhe era condizente em dignidade. Carne de sua carne e osso de seus ossos. À mãe dos viventes estaria destinada a uma missão ratificada já desde muito no “crescei e multiplicai-vos”.

Estava, assim, instituído o sacramento primevo (proto-sacramento) cuja significação maior Cristo viria a sublimar em suas controvérsias legais com os mestres de Israel. E sacramento, sim, por ser um sinal sensível e eficaz da Graça (como ensina a Mãe Igreja). Tangível pelos sentidos (quando da união das mãos e a troca dos anéis simbólicos) e eficaz pela presença do Senhor entre os que se entregam, voluntariamente, a uma vida de doação e amor.

Como ensina o Teólogo (São Tomás de Aquino) a matéria deste sacramento consiste na união mutuamente consentida dos nubentes e a forma do mesmo é caracterizada no sim dos noivos. Vemos daí que os ministros de tal sacramento são os próprios esposos. O sacerdote, presidindo a cerimônia; a presença da comunidade cristã afirmam o “placet” da Igreja, tão somente.

Agora esta união que Cristo quer indissolúvel quando afirma que, a partir de então, serão “uma só carne” abrange não apenas o caráter sexual reprodutivo mas imerge no plano da Graça. De fato não apenas pelo DNA comum aos descendentes, mas acima de tudo, pela indissolubilidade do ato, os cônjuges vão viver uma “unidade” de comportamento sócio religioso. A mesma palavra, cônjuges, por sua raiz etimológica exprime a realidade de uma dependência mútua. Pois que o “jugo” (canga como as que prendem dois bois num mesmo arado) traduz esta necessidade de vivência integrada entre os participantes de um mesmo ato de amor.

Esta realidade unívoca de um casal completa-se na prole chamada, agora, a integrar este corpo único até que assumindo, cada um, sua mesma vocação, escolha seu próprio desiderato.

É esta integração a base sobre a qual se vai construir a pedra de toque de uma sociedade bem organizada a ter na família sua célula fundamental.

Vê-se, assim, que o conceito puramente sócio humano de casamento deixa a desejar no complexo contexto de uma relação humano-divina entre esposos. O mero contrato social, falível e limitado, deverá dar lugar a uma união estável e prenhe de valores transcendentes. Com efeito, o caráter sacramental do Matrimônio vem conferir aos esposos direitos e responsabilidades acima do que exige a lei dos homens.

Ensina-nos o Magistério da Igreja que a finalidade do Matrimônio pode-se resumir em dois aspectos complementares: a) procriar filhos não somente para a sociedade humana, mas prioritariamente, para a Igreja (vassalos do Reino Eterno); b) permitir aos cônjuges o bem estar da relação, garantindo a realização psicossomática do casal, objetivando a destinação final à santidade. Por tal, o estímulo sexual aí presente, será fundamento de um puro amor “Eros” sublimado no “Charitas Dei”.

(segue no módulo III)


CASAMENTO OU MATRIMÔNIO (I)

Theognoto


A multi secular sabedoria que assoma das páginas do Livro Sagrado, quando adequadamente interpretada sua leitura, é fonte de preciosos ensinamentos. A par da mensagem fundamental de um Deus Criador e da lógica inferência de Seu majestoso Poder e amorosa atividade (permanente), ressalta notável a Perfeição do Artista supremo.

Não apenas a excelência do criado, mas ainda, a finalidade do Ato criador e a ordenada manutenção de toda criação revelam à saciedade aspectos de causa e efeito na obra divina. Assim, a fecundidade prodigiosa das espécies e seu evolver progressivo causam espanto às inteligências menos argutas e geram, não raramente, perplexidade e dúvidas.

Chamemos a atenção para este ponto de vista, fundamental no plano complexo da Criação: a finalidade maior da busca do Fim Supremo. De fato, tudo se ordena para a consecução do objetivo final que poderíamos assinalar com o binômio Deus – Homem.

Definida a espécie humana, pelo Criador mesmo, como Sua obra prima (já que conjecturada na atemporalidade de Deus como Sua imagem e semelhança), representará ela o ponto dominante da obra criadora. Tudo o mais nos parece girar em volta desse objetivo traçado ao Homem e para ele ordenado. A mesma atividade reprodutiva, comum a todos enquanto animais, alcança no ser racional uma dimensão transcendente.

Nas espécies bi sexuadas esta união (transitória ou permanente no contexto temporal) caracteriza-se pela conjuminação do par gerador. A tal fato, emoldurado pelos “ritos” e aparatos próprios a cada uma delas, chamamos de modo comum acasalamento. Tal proceder, resumido satisfatoriamente no plano material, resulta incompleto e falho no ser humano.

Sendo a Criação (como de resto toda a atividade divina) um ato de Amor, à obra maior dessa Criação reserva-se uma expressão mais ampla desse Amor (Charitas) que define a Santíssima Trindade. O ato natural procriativo, pelo “sopro” vivificador (o “ruach” dos antigos semitas) será, agora, guindado a uma dignidade transcendente. O evolver contínuo de tudo o criado, progressiva e ordenadamente, busca atingir o modelo pré-estabelecido.


Atingimos, então, um fulcro de transição importante. Aquela simples atividade "aeasaladora” não mais basta à nova situação evolvente. Persistindo, embora, como substrato material, não assegura, contudo, a consecução do objetivo previsto. Faz-se mister seja ela transposta a um nível mais elevado. Será, agora, escalonada a uma união mais completa onde o material se vai sublimar numa “conjugação” de atos e valores espirituais, emocionais e volitivos que ultrapassam o simples “comportamental animalesco”.

Em nossa sociedade, dia a dia mais afastada do divino e extremamente “animalizada”, o conceito básico de família vem perdendo esta visão transcendente. O termo CASAMENTO ( que etimologicamente diríamos como: manutenção - mento - do casal procriativo ) traz atualmente uma conotação predominantemente sexual, suavizada por uns tantos critérios sócio-econômicos que prendem a relação do par (será ainda um par?) a um convencional ato de interesses pessoais. Por tudo o que foi exposto até agora veremos que a visão cristã da prática da vida “divisa” comporta algo maior e mais sublime.

(segue no módulo II)



sábado, 10 de maio de 2008

Wedding or Matrimony (IV)

Theognoto

Here we arrive, therefore, to a reflection space. What practice lesson can we take of that was exposed behind ? For which ethics we should choose? It will be necessary, as consequence expected, to define the behavior of the husbands face to the daily matrimonial realities. Let us soften the doctrinal tone of this theme appreciating, to the mode of humorous parable, a placement enough interesting.

Somewhere and times ago, a virtuous confessor asked a youth bride that kind of relationship she intended in the family behavior; if only ONE, if between TWO or if with THREE participants? Confused the girl wondered afraid: how can the relationships of a couple be understood with only one participant? And still more perplexed she cogitated on the meaning, in the priest's mouth, of the statement "a relationship including three actors"? Would, the old religious man, be insinuating an improper loving triangle?

Noticing the hesitation in her face, and with rare softness acquired in long and server years, the reverend, taking a potato and three toothpicks, states explicitly the message. Spiting in the potato only one thorn he tryed in vain to maintain it firmly on the table only supported in the pick. It was impossible. It always fell. He nailed one more thorn and retook the experience; this time, for fleeting moments, the set rehearsed a precarious balance, but it always tumbled. Finally, with the aid of the third spike and after skilled manipulation, he can reach the objective.

Explaining patiently he said then. You saw here, my daughter, the three relationships types I referred. When one of the partners, in a predominant and absorbent way, assumes the center of the attentions in the family, we have the relationship of only ONE. He (she) thinks that his (her) word are uncontested law and it is imposed in an authoritarian way. The two actors don't have, like this, the life balance sought. But, when they try a "love dribble" in the social and mundane ambit, although they agree in almost everything, they won't achieve durable situations; the danger of disagreements and misconduct ends up leading them to the bankruptcy of the social contract. It would be like this a relationship only among the TWO. Finally, when the spouses (the first two picks) assume the need of the help of a "tertius" (the third toothpick) and choose "this pick" like point of support, they get to reach the wanted success. It is the relationship in THREE.

And which would this support be? Remember that the sacred bow of the union between a man and a woman is the divine "yoke". Matched under the same "weight" they need a "plow operator" that knows how to stimulate them appropriately - in the united effort - so that it results effective. It is, now you can understand, Jesus Christ this effective "tertius". If they aren't conscious of such fact , the husbands will fall, unfortunately, in the allure of a sybarite and pleased life; where the social attractions of fame, power and sex , easily will divert them of the true meaning of the Matrimony.

And, with a blessing, he finished with judicious words: these are the advices that I judge opportune to give to you , now that you get ready for the decisive step of your life, my daughter. God be always with you. And that the Virgin Mother's mantle involves you in Her Love shield, so that the Lord be praised in all the doings that you undertake.

AMDG

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Wedding or Matrimony (III)


Theognoto


Let us penetrate the consequences of the proposed definitions; so that we can understand the depth and the largess (parodying the Apostle of the pagans) of this magnificent gift that is Matrimony.

In this reality of a Christian life, trying to serve the family, compared to the option of the “eunuchs of the faith” – the engaged couple make a choice of “sharing” , when assuming the matrimonial commitment. This choice, not less significant than the one of the celibacy , it hides an effective and fertile complementarity.

In fact, in the relationships and matrimonial “munus” it is noticed – objectively – a division of attributions, although not exclusive, that defines the husbands’ responsibilities. We would have, like this, the “Matrimony” and the “Patrimony”. By “Patrimony” (the father’s “munus”) we want to understand the range of “obligations” (or state duties) that compete to the man more directly; such the material support of the family, its guard and protection. And not only this. Still beyond, the ideal figuration of a model of virtues to support the domestic work in the children’s education. Just as priest Zezinho says in his known music: “that the man carries in the shoulders the grace of a Father”.

Concerning to “Matrimony”, as well it can be inferred, it defines – par excellence – the “munus” of the mother; of so important it comes to qualify the own Sacrament, linguistically. With effect, it is the woman’s role in this context of monogamy the most important and onerous. She is the real protagonist of an entire loving saga and full of sacrifices. She generates his son for long nine months and gives him to the "ligth" between pains and happiness; she takes care of his physical development and his integral education (especially the religious one) and maintains the reins of the domestic peacefulness.

For such aspects she becomes in the value of larger stability for a family well constituted. If a man, badly prepared for the matrimonial life, he can cause serious damages for the family; a woman to which lacks the appropriate moral and religious formation, will cause – without doubt – a catastrophe. It was not by chance that Jesus wanted and He can release a carnal genitor (although His adoptive father was considered a model of “justice”), but He didn’t spare the pure womb of the Virgin. Mary. The Mother of the Divine Grace, appears in the Gospel personifying that virtuous woman’s incarnation, mentioned in the Old Testament as the husband’s glory. She, that kept and meditated Christ’s actions in her heart, teaching learned and serving reigned.

It is like this manner that we justify the sacred union between man and woman as a true “Matrimony”. And this for the intellectual discomfort of so many “macho men” that intend to do of the man the center and the summit of every relationship. This doesn’t mean that we want – here and now – to emphasize, before that is valid, the maternal role in this relationship of the couple. For being a complementary consortium, it requests an effort of integrated actions – all of its – seeking for the unity of “only one flesh”. And this will be gotten living a pure and limpid love, purged of the precarious humans values and replete of the Love of God (Charitas). We cannot give occasion to a fallacious dichotomy man / woman (so pleased by certain prophets of the “equality” between the sexes); but to the opposite, a human duality should be proposed as in the primitive divine plan.

These considerations, here adduced, will take us, in consequence, to some behavior concepts of highest importance in the matrimonial life.


(To be finalized in module IV)